quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Aos Sábados



Foto: Reprodução Internet

Larissa Artiaga


          Sábado é um dia interessante para andar pelo centro da cidade, e se você faz isso com frequência, certamente já se deparou com algum personagem curioso vagando pelas ruas, becos, e avenidas.
         Aos sábados costumeiramente acordo cedo para ir ao curso profissionalizante, e ao sair de casa já dou de cara com o porteiro do prédio, o senhor Marcos.As sete horas da manhã o Marcos já está lá para me receber.Sabe-se lá a que horas este homem acordou e quantos ônibus pegou para chegar ao trabalho, e mesmo assim ele sempre está com um sorriso estampado no rosto.Eu elogiei esta atitude dele e saí de casa.
          Finalmente chego ao curso e encontro o professor que esperava ansioso pela turma. Conversa vai conversa vem, ele revela que é formado em biologia, e que começou a carreira dando aulas em escolas públicas e privadas do Maranhão.Segundo o professor,em algumas instituições as professoras da educação infantil chegavam a ter que dar banho nas crianças antes de iniciar as aulas.Percebi que este era um retrato da educação pública no interior do Brasil
        Mas a minha maior surpresa ainda estava por vir. No caminho de volta pra casa parei em uma banca de revistas para dar uma olhada na última edição da revista Galileu.Quanto estava dando uma 'pincelada' na capa da revista, que tinha o assunto gênero, um homem repentinamente me aborda:



      - Moça, moça, sou morador de rua mas não sou bandido não.- Ele levanta a camisa para mostrar que não estava armado.
      - Tudo bem, eu sei que tem muitas pessoas que moram nas ruas e não são bandidos.- Respondi.
      - É que estamos querendo assar uma carne que ganhamos, você poderia nos dar um trocado para comprar o álcool e o carvão ? - Ele indagou.
     -  Tudo bem. - Respondi procurando o dinheiro na mochila.
     
        Nesse momento eu quis realmente ajudar o cara, que me pareceu sincero.Não me interessa o que ele ia fazer com o dinheiro, a minha parte eu ia fazer, eu pensei.


      - Infelizmente não tenho nada, desculpe.- Eu disse ao rapaz.


      -Tudo bem moça, não importa o dinheiro o que fica é a pessoa pra mim. - Ele respondeu gentilmente.


     - Foi um prazer te conhecer. - Estendi a mão e o cumprimentei.


     Nesse momento escrevo este texto dentro de um ônibus, rodeada de pessoas desconhecidas.Uma moça lê um livro, um rapaz ouve música no smartphone, uma mulher pergunta um endereço para uma senhora.Todos parecem estar bem cuidando de suas próprias vidas.Eu termino com a reflexão mais importante que aprendi hoje, a que o morador de rua me ensinou:

"Não importa o dinheiro, o que fica é a pessoa."

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