Foto:
Reprodução Internet
Larissa
Artiaga
Sábado
é um dia interessante para andar pelo centro
da cidade,
e se você faz isso com frequência, certamente já se deparou com
algum personagem curioso vagando pelas ruas, becos, e avenidas.
Aos
sábados costumeiramente acordo cedo para ir ao curso
profissionalizante, e ao sair de casa já dou de cara com o porteiro
do prédio, o senhor Marcos.As sete horas da manhã o Marcos já está
lá para me receber.Sabe-se lá a que horas este homem acordou e
quantos ônibus pegou para chegar ao trabalho, e mesmo assim ele
sempre está com um sorriso estampado no rosto.Eu elogiei esta
atitude dele e saí de casa.
Finalmente
chego ao curso e encontro o professor que esperava ansioso pela
turma. Conversa vai conversa vem, ele revela que é formado em
biologia, e que começou a carreira dando aulas em escolas públicas
e privadas do Maranhão.Segundo
o professor,em algumas instituições as professoras da educação
infantil chegavam a ter que dar banho nas crianças antes de iniciar
as aulas.Percebi que este era um retrato da educação pública no
interior do Brasil
Mas
a minha maior surpresa ainda estava por vir. No caminho de volta pra
casa parei em uma banca de revistas para dar uma olhada na última
edição da revista Galileu.Quanto
estava dando uma 'pincelada' na capa da revista, que tinha o assunto
gênero, um homem repentinamente me aborda:
-
Moça, moça, sou morador
de rua mas
não sou bandido não.- Ele levanta a camisa para mostrar que não
estava armado.
-
Tudo bem, eu sei que tem muitas pessoas que moram nas ruas e não são
bandidos.- Respondi.
-
É que estamos querendo assar uma carne que ganhamos, você poderia
nos dar um trocado para comprar o álcool e o carvão ? - Ele
indagou.
-
Tudo bem. - Respondi procurando o dinheiro na mochila.
Nesse
momento eu quis realmente ajudar o cara, que me pareceu sincero.Não
me interessa o que ele ia fazer com o dinheiro, a minha parte eu ia
fazer, eu pensei.
-
Infelizmente não tenho nada, desculpe.- Eu disse ao rapaz.
-Tudo
bem moça, não importa o dinheiro o que fica é a pessoa pra mim. -
Ele respondeu gentilmente.
-
Foi um prazer te conhecer. - Estendi a mão e o cumprimentei.
Nesse
momento escrevo este texto dentro de um ônibus, rodeada de pessoas
desconhecidas.Uma moça lê um livro, um rapaz ouve música
no smartphone,
uma mulher pergunta um endereço para uma senhora.Todos parecem estar
bem cuidando de suas próprias vidas.Eu termino com a reflexão mais
importante que aprendi hoje, a que o morador de rua me ensinou:
"Não
importa o dinheiro, o que fica é a pessoa."
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