Cooperativa
Bordana usa panos, linhas e agulhas contra a exclusão social
Foto:
Divulgação/ Bordana
Desde
2009, a Cooperativa de Bordadeiras e Produção Artesanal do
Cerrado Goiano (Bordana) é referência na inclusão social de
mulheres de baixa renda por meio do cooperativismo e da Economia
Solidária. Pela produção de peças inspiradas no Cerrado goiano,
as cooperadas aprendem uma nova profissão e contribuem para o
aumento da renda familiar.
Ao
visitar o local logo encontro a Dona Rose, que com muita paciência
se propõe a me ensinar o bordado. Apesar das minhas dificuldades
enquanto iniciante no assunto, ela me tranquiliza - “Você vai
aprender, quando eu cheguei aqui eu também não sabia bordar e hoje
estou ensinando.” Esse otimismo está espalhado por todos os cantos
do prédio da Associação de Moradores do Conjunto Caiçara, em
Goiânia, sede da Cooperativa.
Bordana
A
presidente da Bordana, Celma Grace de Oliveira relata ter
encontrado no trabalho coletivo uma forma de transformar o desejo da
filha Ana Carol em realidade. - “ Minha história é uma história
de superação cotidiana, trago minha filha comigo o tempo todo”. A
menina, que faleceu aos dez anos de idade, sonhava em ser estilista e
ajudar as pessoas. Inspirada nos desenhos dela, Celma fundou o
Instituto Ana Carol (IAC) e posteriormente, em 2009, ela propôs a
criação da Bordana como uma iniciativa da ONG.
As
primeiras reuniões do núcleo pretendiam dar às mulheres condições
favoráveis ao aprimoramento das suas habilidades, autonomia e
emancipação por meio de um trabalho solidário e cooperativo
voltado ao artesanato. Atualmente, com essa mesma missão,cerca de 30
Cooperadas e um cooperado participam das atividades, oficinas e
cursos. - “O foco é empoderar mulheres mas os homens que queiram
participar dos trabalhos são bem-vindos, pois queremos expandir a
Cooperativa cada vez mais.” diz Celma
A
infraestrutura da instituição possui um salão coberto, uma sala de
costura, uma sala onde funciona o uma estação digital com onze
computadores para aulas de informática e acesso à internet, dois
banheiros e uma cozinha.A presidente comemora as conquistas. “Nós
classificamos a Bordana como um negócio social, que através do
cooperativismo está incluindo mulheres, resgatando a cultura do
bordado manual, com enfoque na geração de renda. Aqui as cooperadas
aprendem uma profissão, melhoram a renda e convivem coletivamente.”
afirma
Economia
Solidária
A
produção da Bordana abrange itens exclusivos inspirados no Cerrado
como panos de prato, capas de almofadas, sachês, chaveiros, bolsas,
batas e colchas. A Cooperativa está centrada na economia solidária.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho (MTE), nesse tipo de
economia, os empreendimentos são baseados na agregação dos
recursos de que cada cooperado dispõe.
Como
a Cooperativa funciona em regime de autogestão, ou seja, independe
de verbas dos setores público e privado, a frase “Mãos que se
unem em linhas que se cruzam”, norteia a rotina das bordadeiras, já
que todo o capital da Bordana é adquirido por meio dos produtos
vendidos. Uma parte dos lucros é usada para comprar os materiais
necessários a produção, como linhas e panos, por exemplo, e a
outra parte do dinheiro é dividida igualmente entre as cooperadas.
Celma
explica que a comercialização dos produtos exige esforço e
dedicação para superar possíveis adversidades. “A Cooperativa se
sustenta com as vendas, mas nós temos dificuldades de
comercialização. Apesar de expormos os produtos na Feira do Cerrado
precisamos de mais espaços, pois nós não temos capital de giro
para pagar todo mundo durante a produção, a cooperada só recebe
pelo produto depois de vendê-lo. Essa é uma das dificuldades que
enfrentamos.” afirma
Incubadora
Social
A
orientação técnica para a organização da Bordana enquanto
cooperativa concretizou-se a partir do apoio da Universidade Federal
de Goiás (UFG), por meio do programa Incubadora Social, cujo
o objetivo consiste em fornecer subsídios para o desenvolvimento de
empreendimentos solidários.
Segundo
informações publicadas na página oficial do programa na internet
(www.incubadorasocial.ufg.br),
a Incubadora Social foi implantada em 2007, por iniciativa da
Pró-Reitoria de extensão e Cultura da UFG. A priori a inciativa
incluía apenas grupos de catadores de material reciclável, como a
Associação dos Catadores Ordem e Progresso – ACOP, e a Associação
de Materiais Recicláveis Beija Flor.
A
partir de 2008, parcerias de financiamento com a Secretaria Nacional
de Economia Solidária (SENAES) e com o Ministério Público de
Goiás, possibilitaram a entrada de outros grupos na Incubadora.
Desde então, a Incubadora tem atendido cooperativas como a Bordana
com a missão de promover o desenvolvimento socioeconômico e a
cidadania.
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